Durante muito anos (em adolescente) escrevi poesia, o
meu tio poeta até dizia que eu tinha “veia poética”, um dia, por estupidez
rasguei todos os escritos e rascunhos de uma mão perturbada pela solidão… hoje
arrependida por tal acto, claro!
Nunca rasguem o passado, bom ou mau faz parte de nós!
Nunca rasguem o passado, bom ou mau faz parte de nós!
Passados muitos, muitos anos, em conversa de manas
disse à minha irmã “… eu não quero ser poeta, porque os poetas são tristes….prefiro
escrever sobre memórias e sentimentos….”
E assim nasceu este blog….
Mas com o sono e a insónia,
os pensamentos saltam como rãs em charcos de águas correntes, sem lógica e sem
um caminho, tudo abalroado nesta cabeça que não para de pensar e de ter variadíssimas
conversas em que eu sou quem fala e quem responde….
Noutro dia recebi um mail de um amigo, e esse
acredito que o seja, e lá pelo meio vinha este poema:
"Amigos"
"Um dia adoeci profundamente:
Ceguei. Dos cento e dez (amigos) houve um
sòmente
Que não desfez os laços rotos.
- Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego, não nos pode ver!...
- Que cento e nove impávidos marotos."
De Camilo
Castelo Branco
Eu sei que isto é verdade, também o fiz a alguém que
com certeza ficou triste e magoado, já me aconteceu também e fiquei muito muito
triste!....
Como aquela campainha não parava de tocar!!!! E a
casa cheia de uma solidão perturbante enquanto algo podia ser dado, quando tudo
acabou a mudez da campainha rasgou o meu peito com lágrimas.
Mas depois passou!... dizem que o tempo cura tudo,
não é!... pois então curei-me deixando de sentir …
Não fiquei a pensar mais neles, não valiam a pena, não
eram nem são “amigos”, podem no mínimo ser conhecidos casuais, usurpadores de
tempo perdido, de momentos vazios…
Hipócritas, velhacos e falsos é o que são muitos
deles, que só pensam no “material” e não no amor, na solidariedade, na
verdade….
Não, não sou vitima de coisa nenhuma! Nem atiro
pedras…. Sou eu que faço o meu caminho!
Acredito, ou faço por isso, que nesta vida que não
está nada fácil, o mais fácil é ficar na “ignorância” a ter que perguntar,
estás bem? Precisas de alguma coisa?.... e às vezes o que é preciso é tão
pouco… um sorriso, uma palavra, um abracinho e pouco, muito pouco mais conforta
a nossa alma ás vezes perdida em pensamentos obscuros e sinistros…
O beijo limpa!
O abracinho limpa!
A palavra limpa!
Até hoje conheci muita gente, partilhei muitas
alegrias e tristezas, desliguei-me de muitos, apareceram outros e o ciclo da
vida vai tornando esta roda num vai e vem de pessoas … umas ficam mais tempo
outras mais tempo do que o que deviam, outras até, tempo nenhum.
Mas….
Os amigos… esses ficam, ficam num cantinho no
coração, mesmo ao lado do cantinho da família
quase que numa fraterna convivência.
Podemos não falar durante muito tempo, mas a
lembrança de momentos, de conversas, de um sorriso, de uma lagrima, ou mesmo de
só uma palavra aproxima-nos em pensamento e quando nos encontramos a festa é
como se tivéssemos estado juntos no dia anterior…..
O tempo não dita o grau.
O tempo não nos separa.
O tempo não transforma o sentimento.
O tempo não apaga essas memórias.
A única coisa que o tempo pode apagar….. e andei a
vaguear por uma casa em silêncio, onde todos dormem a pensar nesta questão e….
não!
O tempo não apaga nada, podemos esquecer mas apagar
não apaga!
Saltem, pulem e avancem que esta vida não está para
brincadeiras e pieguices!
Beijos!