Dança

Chovia! 

Mas dentro de mim fervilhava a vontade de saltitar por entre as poças de água nas ruas cinzentas.... 

Então... 

Pus o meu melhor vestido de pétalas amarelas e bailei em pontas, dancei ao som dos pingos de chuva uma valsa que fez brilhar o sol de alegria.... 

A chuva parou,o céu abriu e estendeu o seu manto azul....

Só confio em quem me toca no coração!

Um dia quis ouvir o que diziam as árvores, encostei o ouvido ao tronco e não ouvi nada, fiquei desapontada e continuei o meu caminho...

Passados anos, num verão quente , sentei-me encostada a um tronco e adormeci, acordei estremunhada e com um ramo a tocar no meu ombro, estremeci, virei-me e aquela árvore enorme à minha frente, já com os ramos despidos continuou a chamar-me... tivemos uma longa conversa de desalento, alegria, esperança, terminamos, era já quase inverno, com uma troca de olhares cúmplices de promessas... "tu abraças o meu tronco e eu lanço brisas frescas no verão..." disse-me ela.

Todos os dias, abraço as árvores do meu caminho.

Só confio em quem me toca no coração!... tal como as árvores!

Herói sem capa

Conheço estas palavras escritas, tornadas história, de trás p'ra frente e de frente p'ra trás...

Depois de ler este artigo, o nó ficou na garganta!

O grito foi abafado por um suspiro!

Há sempre a possibilidade, quem sabe, de um dia uns serem os outros...

A mágoa não se perde!

A justiça vai ser feita, mais tarde! Temos que esperar!

As perguntas vão ser feitas! Mas não sabemos se serão dadas respostas!... com verdade!

Ficamos tristes!? Sim ficamos e vamos continuar a ficar....

A bondade está sempre num certo olhar!....Espero!


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Não acredito!

Eu não queria partilhar tristeza... 

Resisti até agora, mas este assunto tem-me perseguido há dias, aqui e ali vou lendo vários depoimentos, opiniões... etc e no meu peito o sentimento de revolta, vergonha, profunda tristeza e uma mágoa que não consigo explicar, vai crescendo crescendo até me sufocar, entupir e até chorar (porque não posso gritar!)... 

Como é possível (Sec. 21) condenar à morte, dizer de caras com uma frontalidade nojenta, quase olhos nos olhos "... não queremos saber de vocês..." 

E depois ir para casa beijar os pais (olha, podiam ser um dos que estavam num dos botes a fugir da miséria!)

Abraçar o filho (olha, podia ser o menino que deu morto à costa junto com os pais!) 

Sorrir para a esposa (olha, podia ser a mulher violada e maltratada pela barbárie humana!) e podíamos ir por aí fora, num sem fim de injustiças... 

Só porque nunca ninguém se dá ao trabalho de se colocar no lugar do outro...

Partilho este artigo porque de todos os que li, este foi o que me fez corar de vergonha e me bloqueou o peito com uma dor que não consigo explicar!

https://www.publico.pt/2019/10/30/p3/cronica/carta-1891941?fbclid=IwAR18UASfWHowlEmq778VKw1iXYRqAagukJoVIw1MYAPzvW83BLjgP0dqnqk