terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Andar...andar....andar!


Preciso de arranjar a ponte entre o escrever em pensamento e escrever no papel!

Complicado?... romântico até!....  já que ninguém escreve em papel!

Nas noites de insónias escrevo em pensamentos fluentes, construo histórias, diálogos, cenários…. previsíveis e imprevisíveis! Faço magia com as palavras, versos até…

Mas…

Quando pego no papel …Ups acabou! Parece que esqueci a viagem noturna e tudo em que pensei se esfumou!

Adoro viajar pelas palavras, fazer trocadilhos de pensamentos e dizer o que penso em imagens apocalíticas.

Enfim, fantasiar a vida ou mascarar a realidade!?

Pensar que tudo está para breve aflige-me, não ter tempo aflige-me, saber que um dia não vou estar aqui… aflige-me. E tudo isto me assalta pela noite, no escuro e no silêncio, ás vezes brinco comigo e faço de conta que sou outra pessoa noutra realidade e até que vivo noutros mundos construídos pelo imaginário e…. não sou mais feliz por isso! Até me entristece!

Por isso venho para este cantinho e faço sair os maiores disparates, os maiores silêncios e as maiores lágrimas…

Não há como fugir a um não aproveitar!

Não há como fugir a uma preguiça de correr sozinha!

Não há como fugir a não ver … o que não se quer ver!

Não há como…

Está a amanhecer e as nuvens escuras debruado a sol irradiam a alegria de um novo dia … é nisso que me vou focar… voar nas asas daquele pássaro além, que junto com os seus voam para norte … A montanha ainda está nublada, fria e escura, mas já vejo um raio de sol a entrelaçar pelos ramos das árvores.

Alegria, alegria… o sol está a brilhar… o primeiro raio bateu na minha janela…

Abraçou-me!

Mas está um frio!

E assim acaba mais um capítulo, um ano

Uma vida que vai continuar a andar… andar…. andar…

E a minha gata, a Mia, não pára de saltar para o meu colo à procura do aconchego e de fazer ronron

Vou tomar o pequeno almoço!

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Somos do mundo!


Se pudéssemos abrir o portão das memórias!

Sentir o cheiro de um passado!

Ouvir uma canção a lembrar que o mundo é nosso!

Ver e resistir!

Julgar sem duvidar!

Perdoar sem ter que pensar!

Esperar que tudo passe por uma vida mais saudável e que não tenha sido em vão poder contar com o respirar!

Ninguém sabe o tempo que demora a chegar uma onda ao areal...
Ninguém sabe como chegamos!

Mas sabemos que somos do mundo, pertencemos aqui e não queremos que isto acabe como se fosse uma solução!



domingo, 25 de outubro de 2020

Sem pressa



 

Descansa por trás das folhagens ao entardecer e aguarda pela noite onde a lua se deita devagarinho numa nuvem quase branca e adormece até uma alvorada qualquer, sem pressa.....

97 anos

 97 anos! Parabéns mãe, obrigada por eu fazer parte deles!

Sabes mamã, não faz mal às vezes, não saberes quem eu sou, ou trocares o meu nome… não faz mal porque eu sei quem tu és!

Sabes mamã, todos nós os teus filhos, temos uma história de amor para contar e tal como nos filmes, a nossa tem e vai ter, independentemente do que aconteça, sempre um final feliz, porque tu fazes parte dela… de nós passa para os teus netos, bisnetos e todos vão saber quem tu foste.

Esta vida de correria e de pandemia, com máscara, não vai deixar que o dia seja de festa, mas nós temos a festa no nosso coração por seres a nossa mãe. Pela história que nos deixas vamos-te agradecer para sempre!
Vasco
, neste dia também não posso deixar de te agradecer o carinho e o apoio que tens dado à mamã e a nós teus irmão, tens tratado dela o melhor que sabes e por isso te estamos gratos… apesar do teu vozeirão e teimosia nota-se bem a ligação que os dois construíram…sempre a perguntar por ti…”Graças a Deus” diz a mamã quando a levo a casa, a sentir-se protegida quando te vê… obrigada irmão!

sábado, 17 de outubro de 2020

Baralhei, embrulhei...



Nada como perceber, ou tentar perceber, o que nos rodeia!

Quis o destino que eu me cruzasse com todos “estes”

Baralhei, embrulhei… dei… e foi esta a vida que me saiu!

Os ramos esgueiram-se pelo tronco, rumo a uma liberdade que não existe!

Como terá sido!?

Eu sentada numa poltrona gigante com as personagens a passar à minha frente por um palco onde fazem a sua melhor interpretação e eu escolho…

 

Eu a vaguear pelo espaço, aponto o dedo e digo “quero este”!?

 

Ou então o contrário, todos eles escolheram e quiseram que em algum momento eu fizesse parte da sua vida!

 

Não sei!

 

Mas porque raio eu escolhi cruzar-me com pessoas de quem já nem me lembro… é que não é a mesma coisa que escolher livros ou bolos! É de responsabilidade, são pessoas, há a mistura de sentimentos e a complexidade de se “dar”, não é para brincar!

 

Perdi-me nos pensamentos!!!!

 

Shiiiiiii no que me meti…. Preciso de mais tempo para sair disto…. Ou não!


 

domingo, 6 de setembro de 2020

Introspecção


 Para quem gosta de introspecção, recolhimento, etc... eu empresto por alguns momentos esta imagem!

Já foi muito contemplada com lágrimas, sorrisos, gargalhadas, nostalgia, preocupações e muitas, muitas alegrias!

Por momentos imaginem que estão a ver a ouvir e a sentir o silêncio a escuridão e uma brisa, sentados na varanda...

Ao entardecer pára tudo, não há sons, não há vento, não corre aragem é o microclima, como dizia o meu pai, só fica o cheiro a verde da montanha a tocar o céu!

E ao anoitecer esse céu fica repleto de estrelas que falam e brilham com a intensidade de uma amizade, de uma saudade, de um amor... do que quiserem sentir!

Reparem na forma de estrada que nos leva em viagens pelo espaço infinito, é a via Láctea...

Viagem!

domingo, 19 de julho de 2020

O Mundo ao contrário




O mundo está ao contrário!

O não, o não quero, o não sei prevalece no nosso dia a dia dando lugar a um egoísmo desmesurado  em que o sol não brilha e nos seca o pensamento como se fossemos um rio de pequeno caudal….

Vemos, mas não entendemos!

Vivemos um misto de medo e raiva

Medo da solidão!

E numa surdez e em silêncio

Gritamos!

Espezinhamos!

Fazemos birra tal uma criança mimada…  Sempre com esta raiva de não entender!

Sempre com o medo a espreitar.

Continuamos a ver,

E a não entender,

Talvez sem culpa…. Talvez sem mágoa

Se um dia conseguirmos ver… entender

Talvez! Talvez!

Não há perdão,

Mas também não há ódio,

Só raiva… só tristeza!

Continuamos a olhar…

Desta vez para uma cadeira vazia…

Mas o espírito está lá

Inerte!

Passivo!

Embrenhado num misto de apatia e desespero físico!

Com dor!

Doente!

Apático!

………………………………………..

Volto-me e olho pela janela

O dia está claro, sem sol, como que a adivinhar que o coração enfraquecido não chora lágrimas egoístas mas bate calmo, alegre até, na ânsia de sair a voar por aí a correr, a gritar ainda há tempo… ainda vamos a tempo de pôr o mundo direito…


domingo, 10 de maio de 2020

Valentina morreu!





A Valentina morreu de “doença”.

A crueldade deve ser a pior doença do ser humano!

Morrer nos braços de quem devia cuidar, amar, abraçar e não “estrangular” (palavra horrível) e no fim ter o privilégio de ser chamado de “pai”… Até me arrepio… eu vou ser sincera, eu chorei! (por momentos estive no lugar da mãe)

Lá do “alto” só a Valentina sabia o que aconteceu, deve ter gritado a sua morte! Mas infelizmente não era ouvida, foi muita a dissimulação, a mentira, o fingimento… procurar o que não vai ser encontrado!!!! 

Não conseguir dizer à mãe “eu não vou voltar”…

Não há lei nem palavras que aliviem a dor! É revoltante saber que esta mãe nunca vai recuperar esta perda…


Ninguém recupera!

sábado, 21 de março de 2020

Vírus




Tenho medo!

Esta vai ser uma primavera diferente!

Por acaso não está sol, mas mesmo que estivesse não está dentro de nós….

Desta vez só o planeta goza desta primavera, há décadas que não se sentia tão limpo!

O planeta agradece poder respirar!

Pela primeira vez eu e a minha geração estamos a viver uma situação de “emergência”, um vírus sem dó atacou, sendo fabricado ou não é impiedoso e cruel!...


Mesmo sendo primavera, tenho medo!



As incertezas invadem-nos!

A ordem é “fique em casa”.

Proteja-se🌈😷

sábado, 14 de março de 2020

Nada aqui me impede de nada!



Ao sonhar acordei!

Senti aquele aroma do rio da montanha e das flores a entrar pelo nariz!...

Uma espreguiçadela longa e um bocejo invadem-me e fazem-me sentir em paz.

Tudo aqui sabe diferente, sem pressas e sem horas deliciei-me com um pequeno almoço único e saboroso… a doce e sumarenta laranja, o pão a saber a forno, o cheiro perfumado das flores do campo…


Respirei fundo e saí pela estrada da infância e adolescência, apanhei um pinhão, parti com uma pedra e o sabor, meus Deus, o sabor.... forte, verdadeiro.... volto a respirar fundo e continuo a caminhar estrada fora, onde cada passo conta uma história, uma gargalhada, sempre com um “bom dia” a cada passagem por um aldeão apressado para fazer a rega matinal ou colher os repolhos para o almoço… e lá vem mais um “bom dia” ao padeiro, à peixeira ao homem que lê o jornal sentada numa pedra à sombrinha de uma laranjeira.
Os acenos e os bons dias acompanham-me até beira rio.
Molhei os pés no rio e corri atrás de uma libelinha que teimosamente fugia de mim... chapinho na água e corro atrás de um peixinho que vai crescendo em águas cristalinas e frescas… o Bestança é assim! O mais puro, o mais saudável.

Pumba, catrapum caí... com uma valente gargalhada afugentei a dor da queda porque me lembrei de quantas quedas nestas pedras seculares eu dei! Tantas… onde o mergulho era até quase à noitinha

Não existe mais nada.... só isto! Eu o céu o rio e a montanha!

Se eu parar no meio da estrada o vento bate-me na face, fecho os olhos, abro os braços e consigo abraçar as nuvens e ficar no colo das estrelas douradas.

Consigo beijar o cimo da montanha e percorrer o rio com longos passos quase que em correria.

E grito: Quem chega primeiro à ponte, ou à barragem?

Respondo: Sou eu… ou o meu eu que se demora no deleito da brisa no cais a ver os barcos em correria agreste quase que a perturbar o silêncio.

Parem, parem.... não vêm que a montanha está a dormir e as nuvens a descansar!!!!

Não vêm que o rio desliza em pequenas ondas quase que a medo para não acordar o sol que se vai deitar e aconchegar na montanha.

Ah... eu fico aqui.... não quero nem voltar… nem acordar.

Nada aqui me impede de chegar à felicidade e ao gozo de viver.

Nada aqui me impede de colhêr, de semear, de descalçar e chafurdar na lama.

Nada aqui me impede de gritar o som do silêncio.

Nada aqui me impede de voltar a outros tempos, a outras “gentes” mais puras, mais verdadeiras!

Nada aqui me impede de nada!

Nada aqui me impede!

Nada!

Mas tudo fica comigo para sempre!





sexta-feira, 13 de março de 2020

Mais um ano mana!



Fazer anos não é nada mais que o contar de dias que vão passando por nós, com efeitos secundários é certo, mas sempre a activar e a despertar o ser mulher, mãe, amiga, companheira e claro, neste caso…. Irmã!

O saber apreciar torna-se mais apurado!

O saber o que se quer é mais nítido!

O amor é mais forte e sólido!

O prazer é um pequeno pássaro a voar à nossa volta!

A visão é infinita e o belo torna-se mais belo!

Tudo é importante! Mas nada é mais importante que os “nossos”!

E nestes últimos anos e sempre a valorizar os valores, foi crescendo em ti um talento, estava a dormir por trás dos teus olhos e querer sair pelos dedos das mãos, sempre à espera da hora certa… e para nossa alegria e deleite a hora chegou e tens mostrado a nós, teus amigos e ao mundo (só quem não quer é que não vê!) traços de mãos e corpos disformes , paisagens imaginárias e reais, quadros de vida! Belos!

E é isto, mana, queria-te dar os parabéns por mais um aniversário mas principalmente pelo traço, a aguarela e a tela desenhada por ti com clareza, calma e muito amor nas cores.

Parabéns com muita saúde e o desejo de que sejas sempre feliz!

Beijos!
(foto pintura de Maria Oswalda Rego)

domingo, 16 de fevereiro de 2020

61





Então é assim!

Será que algum dia eu quis voar?... Pelo menos já vivi em dois séculos!

Se não quis é porque fui uma adolescente parva!... se é que me lembro da adolescência com crises existenciais onde os problemas mundiais que carregava ás costas eram nitidamente particulares e teriam de ser resolvidos por mim… onde as paixões platónicas eram “amor” e claramente novelas com fim trágico… o choro era fácil! Era triste! Doía! A tristeza era tão profunda que ficava fechada no escuro do quarto com a música mais deprimente possível a pensar “amanhã morro, hoje não … amanhã”

O tempo passava e fui crescendo entre a parvoíce e a seriedade!

O mundo saltitava!

A seriedade e a serenidade passaram à frente da parvoíce…, mas sem nunca perder o sentido de humor, porque o “nonsense” é bom e faz rir!

E assim, a caminhar pela vida, umas vezes numa corrida frenética com o desejo de que o tempo corra, outras vezes devagar, muito devagar na esperança de que os momentos sejam saboreados e eternizados… uns foram bons outros maus…, mas fui passando outras vezes passeando por esta rua ou avenida que “para já” não tem o fim à vista!

Muitos momentos esqueci, uns porque quis outros não sei porquê e ainda outros ficaram na lembrança das recordações do que vivi, vi, presenciei, assisti, neguei, gritei, chorei, ri, praguejei, discuti, amei, beijei, abracei e … fui feliz, caramba!

“Para já” não queria ver o fim da rua, mesmo sabendo que o tempo que vou viver é mais curto do que o que já vivi… mas o que queria mesmo era andar pela rua numa bicicleta colorida a respirar o sol, a brisa, as nuvens, os montes, a maresia, as folhagens e voltar à infância onde a pressa de viver não nos deixou saborear os “momentos”… um perfeito cliché…

Mas hoje e como em tudo “o momento” é sempre o mais importante, cá estou eu a fazer 61 anos, a sentir o fervilhar dos 20 anos, dos 30… até dos 40 quem diria! Só que sem minissaia e sem sapatos com tacão de 10cm (que pena! Adorava!) Não consigo evitar que em consciência não tenha esta idade! É muito ano que só me a faz sentir nos ossos!

Engraçado que às vezes penso que tenho saudades e não propriamente de pessoas, mas de sítios…. Gostei tanto de andar no Garcia, a magia de sentar naquelas escadas, faltar às aulas para ficar sentada nas escadas!!!! Não eram umas escadas quaisquer, eram as escadas do liceu… os miúdos de agora não sabem o que isso é!!!! De certeza que não sabem!...

Só bocas e olhos nos olhos, para o bem e para o mal falávamos no presente, ou por escrito numa carta com “de… para…” colar um selo e que demorava quase uma semana a chegar, era uma adrenalina boa…

E esta coisa da idade também é uma adrenalina boa!

Boa!?

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Viver







Ora vamos lá viver!!
Se nos deram mais um dia, vamos viver!
Aproveitar!
Agradecer!
Todos os dias ao acordar...sorrir! Depois podemos-nos queixar...

Um bocadinho de rua




Aqui ouvia os eléctricos.
Aqui ouvia os pregões.
Aqui via o povo e o despertar "a sério" de uma cidade!
Aqui sentia o cheiro.
Daqui via os que chegavam e os que partiam

Por aqui algures havia "Olha a bicha tumtumtum..."
Aqui havia abrigo, infância, primos, brincadeiras... a vida em poemas!
Porque é que este bocadinho de rua é tão importante?