Nunca
percebi como é que na casa da Pala cabia sempre tanta gente!
No tempo dos
avós aquela casa estava sempre cheia, cheia de família, cheia de amigos, cheia
de alegria e um regimento de empregadas, claro que nessas alturas e com muito
agrado nosso, eu e o Vasco e talvez os primos dormíamos com as empregadas
sempre em grande galhofa e tourada, com o avô a bater com a bengala no chão
“pouco barulho, não são horas para brincadeiras”.
Havia a S’
Maria de quem eu não me lembro, que tomava conta da casa o ano todo, cuidando
sempre de tudo para quando os avós e os “meninos” chegassem, ah e a havia a
Maria pequenina que pelos vistos era muito bonita e mais tarde a minha mãe
contou que a avó não deixou que ela viesse servir para o Porto por causa das
tentações…. Os meu irmão mais velhos lá sabem o que faziam com as empregadas,
ahahahah!!!!
Não tenho
memória de todos juntos na Pala, só de algumas passagens mas talvez por me
contarem ou por fotografias.
Mas:
Lembro-me
dos pequenos almoços, eram servidos com todos à mesa e quem não acordasse a
horas, ficava sem ele…
Lembro da
sopa dos pobres que a avó fazia, acho que à 6ªf, aquela casa enchia pela aquela
escadaria acima até ao terreiro.
Lembro dos
passeios que fazíamos, eu o Vasco o Tides o Ivo com o avô pela propriedade, um
dia até o deixamos cair porque ele queria tirar qualquer coisa de uma Oliveira
e nós pegamos nele já nem me lembro como e catrapum, lá foi ele leira abaixo,
aflição… mas nada de grave.
Lembro das
leituras da avó no “típico”, quem conhece sabe do que falo, só não percebo como
é que ela conseguia estar lá tanto tempo a ler romances!!!!
Lembro do
avô deixar abrir a corte das ovelhas depois do almoço e nós darmos folhas de
videira… eram uns bichos dóceis!
Claro que me
lembro mais de passagens com o Vasco, eu e ele pregávamos partidas às empregadas,
a favorita era a Ana Maria que tinha um estatuto diferente das outras e fazia
sesta à tarde…. Um dia depois dessa sesta disse-nos que não teve medo da
suposta cobra que pusemos no toucador dela…. “Nós não fizemos nada!” naquele
dia não tínhamos mesmo feito nada…. Corremos para o quarto e a cobra já lá não
estava.
Ainda bem
que ela pensou que tinha sido uma partida, senão era gritaria pela certa!
E quando eu
e o Vasco éramos elogiados pelas gentes da aldeia por andarmos vestidos de
ganga “os netos da D. Teresa são uns meninos muitos simples, sem vaidades” para
eles era coisa de pobre para nós era moda, afinal sempre havia um pouco de
vaidade naqueles trajes!
Depois volto
a ter recordações mas já sem os avós, recordo as férias em Setembro que eram
uma grande seca, não havia nada para fazer, eu e o Vasco fazíamos o “festival
da canção" e o nosso pai era o júri, depois era só ler, ler, ler…. acho
que li todos aqueles romances que havia por lá, lembro do anti stress de ir
apanhar pinhões para a estrada…. depois mais tarde a Mi começou a ir connosco e
passou a ser mais divertido, éramos mais velhos já tínhamos um grupo, fazíamos
grandes passeios, grandes banhos no rio e até de barco …. Quem no seu perfeito
juízo, no meio daquele imenso rio, fazia batalhas de uvas e tremoços entre
barcos! Claro que só nós sem a mínima noção do perigo
Ao Sábado à
tarde tínhamos que ir à missa, o mais divertido era ao fim, era um cumprimentar sem
fim… até o “já agora!” sempre distante e sem dar muita confiança, com muita
pena nossa (mais da minha irmã!) porque era muito giro, depois vínhamos a pé, o
grupo do costume (O Zé, a Angela Maria, as primas Belita e Teresa e o nosso
mascote, o Pedro) sempre em grande algazarra e disparates pela estrada fora…. Ainda
mais tarde o grupo aumentou, entre eles o Artur que ficou conhecido pelo “meia
preta”, ele nunca soube desta alcunha (às tantas vai saber agora, se ler isto!)
Um dia fomos
postos fora da missa, primeiro porque a João Alvela ia a mascar chiclet e o padre
disse que a não confessava, depois porque estávamos sempre a falar ”um fraco
exemplo dos meninos da cidade” disse o padre e mandou-nos sair…. Ups será que
vai chegar aos ouvidos dos pais!? Não me lembro de ter acontecido nenhum
castigo!
Fazíamos km
e Km a pé, até pela linha do comboio andávamos e punha-mos o ouvido na linha
para perceber se o comboio estava longe ou perto…. Arranjávamos sempre sítio
onde lanchar mas a nossa favorita era a casa da mãe da Cândida, na Roupeira, podíamos
mexer naqueles enormes teares e no fim ganhávamos maças, broa seca e uvas…
Depois ainda
mais tarde, as distracções eram outras, já havia carro para sair mais longe, as
paixonetas, as festas, o primeiro beijo…. Mas o rio fazia sempre parte de tudo.
Ah como
aquela varanda onde se avista o imenso verde da montanha misturado com a imensidão
do rio, que quando eu era pequenina a montanha não tinha luzes e o rio era um
fio cheio de areia e rochas, tem para contar… eu tenho!
Beijos
As férias na Pala...recordações maravilhosas...tivemos a sorte de ter esse paraíso para nos encher de boas memórias!!!
ResponderEliminarContinuo a amar o "Penedo das pombas", essa terra faz parte de mim!!!!!!!!! Bjnhs