sexta-feira, 1 de maio de 2015

Antes e depois!


Nunca percebi como é que na casa da Pala cabia sempre tanta gente!

No tempo dos avós aquela casa estava sempre cheia, cheia de família, cheia de amigos, cheia de alegria e um regimento de empregadas, claro que nessas alturas e com muito agrado nosso, eu e o Vasco e talvez os primos dormíamos com as empregadas sempre em grande galhofa e tourada, com o avô a bater com a bengala no chão “pouco barulho, não são horas para brincadeiras”.

Havia a S’ Maria de quem eu não me lembro, que tomava conta da casa o ano todo, cuidando sempre de tudo para quando os avós e os “meninos” chegassem, ah e a havia a Maria pequenina que pelos vistos era muito bonita e mais tarde a minha mãe contou que a avó não deixou que ela viesse servir para o Porto por causa das tentações…. Os meu irmão mais velhos lá sabem o que faziam com as empregadas, ahahahah!!!!

Não tenho memória de todos juntos na Pala, só de algumas passagens mas talvez por me contarem ou por fotografias.

Mas:

Lembro-me dos pequenos almoços, eram servidos com todos à mesa e quem não acordasse a horas, ficava sem ele…

Lembro da sopa dos pobres que a avó fazia, acho que à 6ªf, aquela casa enchia pela aquela escadaria acima até ao terreiro.

Lembro dos passeios que fazíamos, eu o Vasco o Tides o Ivo com o avô pela propriedade, um dia até o deixamos cair porque ele queria tirar qualquer coisa de uma Oliveira e nós pegamos nele já nem me lembro como e catrapum, lá foi ele leira abaixo, aflição… mas nada de grave.

Lembro das leituras da avó no “típico”, quem conhece sabe do que falo, só não percebo como é que ela conseguia estar lá tanto tempo a ler romances!!!!

Lembro do avô deixar abrir a corte das ovelhas depois do almoço e nós darmos folhas de videira… eram uns bichos dóceis!

Claro que me lembro mais de passagens com o Vasco, eu e ele pregávamos partidas às   empregadas, a favorita era a Ana Maria que tinha um estatuto diferente das outras e fazia sesta à tarde…. Um dia depois dessa sesta disse-nos que não teve medo da suposta cobra que pusemos no toucador dela…. “Nós não fizemos nada!” naquele dia não tínhamos mesmo feito nada…. Corremos para o quarto e a cobra já lá não estava.
Ainda bem que ela pensou que tinha sido uma partida, senão era gritaria pela certa!

E quando eu e o Vasco éramos elogiados pelas gentes da aldeia por andarmos vestidos de ganga “os netos da D. Teresa são uns meninos muitos simples, sem vaidades” para eles era coisa de pobre para nós era moda, afinal sempre havia um pouco de vaidade naqueles trajes!

Depois volto a ter recordações mas já sem os avós, recordo as férias em Setembro que eram uma grande seca, não havia nada para fazer, eu e o Vasco fazíamos o “festival da canção" e o nosso pai era o júri, depois era só ler, ler, ler…. acho que li todos aqueles romances que havia por lá, lembro do anti stress de ir apanhar pinhões para a estrada…. depois mais tarde a Mi começou a ir connosco e passou a ser mais divertido, éramos mais velhos já tínhamos um grupo, fazíamos grandes passeios, grandes banhos no rio e até de barco …. Quem no seu perfeito juízo, no meio daquele imenso rio, fazia batalhas de uvas e tremoços entre barcos! Claro que só nós sem a mínima noção do perigo

Ao Sábado à tarde tínhamos que ir à missa, o mais divertido era ao fim, era um cumprimentar sem fim… até o “já agora!” sempre distante e sem dar muita confiança, com muita pena nossa (mais da minha irmã!) porque era muito giro, depois vínhamos a pé, o grupo do costume (O Zé, a Angela Maria, as primas Belita e Teresa e o nosso mascote, o Pedro) sempre em grande algazarra e disparates pela estrada fora…. Ainda mais tarde o grupo aumentou, entre eles o Artur que ficou conhecido pelo “meia preta”, ele nunca soube desta alcunha (às tantas vai saber agora, se ler isto!)

Um dia fomos postos fora da missa, primeiro porque a João Alvela ia a mascar chiclet e o padre disse que a não confessava, depois porque estávamos sempre a falar ”um fraco exemplo dos meninos da cidade” disse o padre e mandou-nos sair…. Ups será que vai chegar aos ouvidos dos pais!? Não me lembro de ter acontecido nenhum castigo!

Fazíamos km e Km a pé, até pela linha do comboio andávamos e punha-mos o ouvido na linha para perceber se o comboio estava longe ou perto…. Arranjávamos sempre sítio onde lanchar mas a nossa favorita era a casa da mãe da Cândida, na Roupeira, podíamos mexer naqueles enormes teares e no fim ganhávamos maças, broa seca e uvas…

Depois ainda mais tarde, as distracções eram outras, já havia carro para sair mais longe, as paixonetas, as festas, o primeiro beijo…. Mas o rio fazia sempre parte de tudo.

Ah como aquela varanda onde se avista o imenso verde da montanha misturado com a imensidão do rio, que quando eu era pequenina a montanha não tinha luzes e o rio era um fio cheio de areia e rochas, tem para contar… eu tenho!


Beijos


1 comentário:

  1. As férias na Pala...recordações maravilhosas...tivemos a sorte de ter esse paraíso para nos encher de boas memórias!!!
    Continuo a amar o "Penedo das pombas", essa terra faz parte de mim!!!!!!!!! Bjnhs

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