Não me lembro bem que idade tinha, talvez 13, 14 anos, andava na Escola Clara de Resende e um dia uma amiga disse que o irmão, que tinha vindo de férias do Ultramar, a ia levar a lanchar:
- Podias
vir, é que ele vai trazer um amigo que é um “borracho” (assim se dizia na
altura, quando um rapaz era giro!)
- Está bem!
Mas qual o
interesse de ele ser giro!? Nós eramos umas miúdas, e eles já muito mais velhos!
mas claro, podíamos exibir o nosso momento à saída da escola, perante os
olhares invejosos …. Vinham-nos buscar e isso é que importava.
Quando
chegou a hora e depois dos arranjos femininos possíveis, lá fomos nós de
encontro ao nosso “encontro”, atravessamos a rua e eu começo a rir, a rir, a
rir…. É que o “borracho” de quem a minha amiga não parou de falar o dia todo, era o meu irmão Jorge que também estava de férias da
guerra.
O lanche foi
engraçado e o irmão dela, na altura, também não era nada de deitar fora!
Quanto à
Isabel já não a vejo há muitos, muitos anos.
…….
Muito mais
tarde e já no Liceu Garcia de Orta, conheci a Maria João, tínhamos mais ao
menos os mesmos gostos e ficamos amigas, quando um dia ela disse:
- Este fim-de-semana
vou para o Douro.
- Para o
Douro, onde?
- Para a
Pala, tenha lá casa de férias.
- Pala? Eu
também tenho lá casa!
Depois
descobrimos que as nossas casas ficavam a uma distância de meia dúzia de curvas
e lá nos encontrávamos no verão.
Ainda com a
mesma amiga, resolvemos um dia estudar juntas, depois das aulas lá fomos de eléctrico até ao Bessa, quando chegamos a casa dela qual não foi o meu espanto!
A casa dela já tinha sido dos meus pais e foi onde nasceram todos os meus
irmãos, menos eu!
Incrível.
Ainda houve outras histórias em que um tio dela era amigo do meu tio Vasco de
Lima Couto e a quem o meu pai pregou um susto, quase de morte, com “o homem da
mão fria”, esta história também é engraçada mas fica para mais tarde, quando
contar sobre a boa disposição e as partidas que os meus pais faziam com os amigos e às empregadas na Pala!
Quanto à
Maria João, fomos amigas até ao fim, infelizmente já partiu.
Não sei bem
se são histórias de coincidências ou se é a prova que este mundo é mesmo muito
pequenino e todos nós estamos ligados uns aos outros por qualquer coisa!?
Beijos.
Bé, adoro estas tuas crónicas, memórias que também são minhas (algumas). Fiquei até comovida com tantos encontros da vida...e com o "homem da mão fria" :-) Fico à espera de mais...mais, ansiosa por ler o que tu escreves tão bem!!! Bjnhs
ResponderEliminarÉ estupenda a forma dos teus textos, suave e fotográfica, levada pelo conteúdo que nos transmites.
ResponderEliminarAs memórias , que a um tempo vivi e a outro tempo me contaram, também já delas faço parte.