quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Eles andam aí


 "Eles andam aí"!

Ainda me lembro o medo que sentia ao passar numa rua da baixa ao sábado. Ao domingo e à noite, então, era impensável ... claro que sempre fui "medricas" e confesso, ao fim destes anos todos, que tinha pavor de ficar em casa sozinha...se tivesse que ir ao quarto, subia aquelas escadas num jacto e com as luzes todas acesas.
À noite a casa virava um fartote de imaginação em que as portas e as janelas se abriam para os malfeitores que subiam as escadas até ao meu quarto, em que todos os ruídos eram um sobressalto e eu só pensava onde me havia de esconder dos ladrões, debaixo da cama era a solução mas não podia respirar e tinha que me fazer de morta para passar despercebida ... se "eles" não me encontrassem, sempre podia saltar (apesar de a altura ser considerável) da varanda para o jardim e gritar "socoooorro"!
Claro que nunca fiquei sozinha em casa, sempre tive a proteção dos manos, principalmente a mana (Maria Oswalda Rego ) que enquanto lá esteve, nunca me deixou...até que o sono era mais pesado e acabava por adormecer!
Oh pá, desviei-me do que queria falar!
O "eles andam aí" são todos, menos os portuenses....não se ouve falar português no meio da multidão a atravessar uma ponte, sôfrega de paisagem romântica, da cascata erguida a partir do rio, das ruínas com história, do sol, ai o sol, do cinzento da cidade alegre e divertida, do pregão da praça e do cantor de rua... não cabe mais ninguém e ainda bem que assim é! Se cansa? Cansa... mas não há nada mais aconchegante do que este abraço universal que nos faz esboçar um sorriso ao estar sentado num sofá da avenida a receber "eles" para um chá ...
Venham....mas não estraguem!

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