domingo, 29 de janeiro de 2017

A janela





Quem olhava através desta janela? como seria?.... 

Pela aparência da casa e pelo brazão à entrada devia pertencer a uma família abastada.

Entrei a medo, metia dó, estava tudo destruído.... e dei asas à imaginação.

...Ainda se podia ouvir a azafama diária do preparar e manter as lareiras acesas, crianças com bibes brancos em correria onde as tábuas do chão teimavam em chiar... grandes salas com mesas compridas candelabros de prata e a algazarra típica de família grande ao pequeno almoço.

O pai saía cedo para trabalhar na empresa da família na cidade grande, só voltava ao almoço e à tarde discutia os assuntos com pai.


O avô recolhido na biblioteca, lia as notícias matinais, só saia mais pelo meio da manhã para fazer a inspecção às vinhas, ao milho, ao gado e dar as ordens habituais aos jornaleiros. 


A mãe e a avó desde cedo que não paravam, ora as crianças, ora as ordens na cozinha para o almoço... só à tarde se sentavam a bordar até à hora do chá, quando o tempo estava bom, saiam com as crianças a passear pelos jardins até ao lago, levavam sempre a sombrinha para não queimar a tez branca e alva da pele mimosa, assim se queria uma aristocrata. Iam apanhando flores para enfeitar as jarras da sala....


Mas e aquela janela!? quem sonhava a olhar? o que sonhava a olhar!? o que via ou por quem esperava!?




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