domingo, 27 de agosto de 2017

Ser (o que se é!)




Depois de também Graça Fonseca ter “saído do armário” dei por mim a pensar, que interesse tem esta revelação, sim! Que interesse tem para nós saber isso? Vai ser crucificada!? Ou mesmo apedrejada, como antigamente? Vais deixar de ser quem é? Vai passar a desempenhar mal as suas funções!? Só aos incultos é que tamanha “disfunção” poderá passar pela cabeça.

Assim como Richard Zimler são PESSOAS.

Pior seria se fossem “drogados” ou “alcoólicos” aí sim, era preocupante, além de distorcer e queimar células no cérebro são adições que fazem mal à saúde, não deixam PENSAR com discernimento nem clareza.

O QUE IMPORTA A OPINIÃO DOS OUTROS!

Quando era miúda, aí pelos 11/12 anos eu e o meu irmão recebemos, pelo Natal, um livro que tinha por título, para mim “Já és uma mulherzinha” e para o meu irmão “Já és um homenzinho”…. Mas o que é isto!? Os nosso pais deviam pensar que com “aquilo” aprendêssemos “tudo” (distorcido, claro!) sobre a sexualidade e que os bébés não vinham nem de Paris, nem de cegonha.

Será que me ri?...

Já não me lembro bem o que por lá estava escrito, sei que ilustrava, com legendas, os órgãos sexuais da menina e do menino mas tudo que poderia ser feito antes do casamento era pecado aos olhos de Deus! Sexo só depois do casamento, menino com menino… NÃO, menina com menina…. NÃO.

Na altura o assunto além de tabu era mais “desde que não apareças grávida, ou não engravides ninguém, desde que não envergonhes a família com “doenças de desvios”, como diz o Prof Gentil Martins… está tudo bem!.... Não importa o que sentes.

Todo o resto, não era importante…

A preocupação maior era “O que vão dizer os outros!?”

E depois lá vinham os disparates:
-Dei um beijo com língua… vou ficar grávida?
- Sentei-me na sanita… vou ficar grávida?
-Abracei um rapaz e senti um arrepio…. Pronto é desta que engravidei!

Na altura que decidi casar, não pude marcar para a data que queria….” É muito cedo o que vão dizer …. olha está grávida e vai casar às pressas!”

ahahahah!!!!! ….

Ou quando pedi à costureira que não cintasse muito o vestido (de noiva)… “ Não devias ter dito isso, vai pensar que estás grávida!”…. Ora essa, detesto roupa apertada, no meu dia quero estar confortável!

Ainda bem que agora, os pais falam com os filhos! Ainda bem que lhes explicam que não tem mal sentirem e serem fiéis aos sentidos e que não é por isso que vão deixar de os amar.

E se ser hétero é que fosse “sair do armário”?

Andava tudo deprimido e a apontar o dedo?

É bom que as pessoas se assumam, não pelos outros, mas por elas!

Acho que não precisam de sentir obrigação de “informar” os outros pelo que são ou deixam de ser!... São (ponto)…. Ninguém tem nada com isso, a mim não me aquece nem me arrefece, não é por aí que se avalia o valor de cada um.

Crucificar pessoas por serem gays ou lésbicas é desumano, é terrorismo.

Ó meu Deus, vou gritar bem alto são PESSOAS.


Mesmo achando ridículo apontar o dedo, levanto-me e aplaudo a coragem.


chuack...


1 comentário:

  1. Bom... Se me permites, estou de acordo, no princípio do esclarecimento, do respeito pelo estilo de vida de cada um, pela assunção da condição "homo" ou "hetero". Até aqui, tudo bem. Já quanto à Senhora Secretária de Estado, penso que foi ociosa e inoportuna a sua intervenção. E passo a explicar. O exercício de um cargo governativo, nada tem a ver com questões de género, mas de competência técnica e política. Vivem-se tempos em que já não se estabelecem fronteiras entre a vida pública e a devassa privada. Aceitaria o discurso de Graça Fonseca, se fosse uma Parlamentar. Não é. Graça Fonseca é responsável executiva por uma área que está debaixo de fogo cruzado. Em consequência das suas afirmações (a meu ver) intempestivas, Graça Fonseca pôs-se nas mãos do "opinion makers" mais miguelistas. Numa altura em que os ruídos são tremendos, em que o discurso político deixou de ser "Lutar" para passar a ser "ACANALHAR", a Senhora foi imprudente. A seguir veio Ricardo Costa (qual D. Miguel) cinicamente abordar a questão. Seguiram-se outros serventuários de poderes obscuros, que aproveitaram para surfar a onda do politicamente incorrecto. Às vezes, penso que se vivem tempos de Cerco do Porto, em que as falanges fratricidas se confrontam de forma muito sanguinária. De que lado está Graça Fonseca? Admito, contudo, melhor leitura.

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